O que é Arquitetura Vernacular
Arquitetura Vernacular é uma forma de construção que usa materiais locais, algumas técnicas tradicionais, tipologias regionais e adequada ao ambiente.
Estamos falando das construções de taipa (pau-a-pique), de adobe, madeira, pedras, bambu, telhado de palha, entre outros. Essa é uma forma de arquitetura que, por se integrar ao ambiente, usar materiais orgânicos e principalmente ter resistido ao teste do tempo, é considerada sustentável.
Como cada lugar possui sua singularidade, como questões geográficas e culturais, essa arquitetura está ligada ao modo de construir utilizando materiais da região e técnicas que são passadas de geração em geração.
A Arquitetura Vernacular possibilita o uso de técnicas que contribuem para um bom isolamento térmico e acústico. Algumas das suas práticas são milenares, mas continuam a ser estudadas por profissionais contemporâneos, sendo reproduzidas em projetos de modo a visar à diminuição do uso de energia e elevando o conforto do usuário.
Quer ver 5 exemplos sensacionais? Continue lendo este artigo para descobrir.
Exemplos de Arquitetura Vernacular
Ma’dan Reed Houses, Iraq
A casas de junco são muito encontradas nos pântanos da junção dos rios Tigre e Eufrates no Iraque. Essa região serve de habitação para o povo Ma’dan, ou como são conhecidos, os árabes do Pântano.
Essa forma de habitação é possível de ser construída devido à quantidade substancial de juncos que crescem ao redor dos pântanos. Para construí-las, são feitas colunas, paredes e arcos que são envolvidos pelo junco. Uma casa desse tipo por ser rapidamente erguida em 3 dias.
Em alguns casos, as casas de junco flutuam nas chamadas “tuhul” que são espécies de “ilhas”. Em outros casos, elas apenas são movidas de acordo com os níveis de água que sobem e descem, e são reerguidas em menos de um dia.
Essas casas, embora extremamente simples em seus materiais e construção, podem durar até 25 anos com cuidados adequados. Infelizmente, durante o governo de Saddam Hussein, os árabes Marsh foram perseguidos por quem o governo considerasse terroristas ou inimigos do estado.
Os pântanos foram drenados até o ponto em que grande parte da população de Ma’dan não teve escolha senão se mover para encontrar comida adequada, diminuindo sua população de meio milhão para cerca de 1.600 na virada do século.
Com a queda do regime, mais de 10 anos depois, os pântanos foram restaurados em cerca de 50% do seu tamanho original. Assim, o povo Ma’dan pode voltar ao local, possibilitando o crescimento de sua cultura.
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Fonte: Archdaily
Os Bangalôs de Chicago
Ao visitar Chicago, você encontrará uma importante forma de habitação familiar única da cidade. Em locais como os bairros que se encontram à beira da cidade, são encontrados os bangalôs.
Esses bangalôs são importantes para a população de Chicago e é o mais próximo que a arquitetura do local tem com uma religião. Os arquitetos do local dão o nome de Bangalô ao arco feito pelas quase 100 mil casas espalhadas de sul a norte da cidade.
Nos anos 20, a “Bungalowmania” fez possível o Sonho Americano da casa própria. Nos dias atuais, no entanto, enquanto os proprietários amam o charme de suas janelas de vidro artísticas, muitos têm sido alvo de desdém por “detonarem” o topo dos bangalôs com a construção de um segundo andar.
Recentemente, houveram campanhas chamadas de “Stop the Pop”, que trouxeram argumentos convincentes contra as mudanças das características arquitetônicas. Todavia, não existe leis que impeçam essas alterações.
Talvez um dos argumentos fundamentais da arquitetura vernacular seja provocar a discussão sobre a legitimidade dessas alterações, ou mesmo a permanência da identidade desse ambiente construído.
Fonte: Curbed Chicago
Casas na Malásia
Na Malásia encontramos as chamadas “Malay Houses”. Essas casas foram criadas com a intenção de lidar com a umidade e o calor. Assim, elas foram projetadas para serem porosas de forma a permitir a ventilação cruzada através da construção, para torná-la mais fria.
Seus grandes telhados sobrepostos permitem que as janelas permaneçam abertas em caso de chuva ou sol, o que ocorre praticamente todos os dias. Construir sobre palafitas foi outra forma de aumentar o fluxo de ar, e evitar danos em caso de chuvas fortes.
Na verdade, a maioria dessas casas foram construídas de teca e são mais valiosas pela sua madeira do que pela casa em si. O proprietários deste exemplo receberiam cerca de R$160.000,00 pela casa se as substituem por uma caixa de concreto com um ar condicionado na lateral.
Também podem ser encontradas cabanas de barro em Camarões e casas de cana no Iraque. Todas elas se adaptam ao clima e usam materiais e recursos do local. Hoje, no entanto, a urbanização e o ar condicionado mudaram tudo. Podemos ver essa tipologia facilmente substituída por edifícios feios com caixas brancas na parede.
Fonte: Treehugger
As Comunidades de Tulou, China
No sudeste de Fujian encontramos o povo Hakka. Suas residências são compostas por vigas de madeira que formam grossas e cilíndricas paredes para proteger o seu interior contra ataques.
As paredes exteriores possuem apenas uma entrada e nenhuma janela. Todas as varandas, portas e aberturas ficam voltadas para dentro, protegendo ainda mais os moradores. Cada estrutura dessa, abriga centenas de pessoas e funciona como uma pequena aldeia; possuindo espaço para atividades comunitárias no interior que é aberto.
Dentro do Tulou, as residências individuais são divididas igualmente. Devido a esse fato, em 2008, 46 tulos foram designados como Patrimônio Mundial da UNESCO.
Fonte: Archdaily
Oca Indígena na regiao do Xingu, Brasil
No Brasil também temos exemplos da arquitetura vernacular. A tribo dos índios do Xingu, que se localiza no centro-oeste do país, constrói suas ocas de modo a fazer referência ao corpo de um animal ou de um homem. A parte frontal representa o peitoral e os fundos representam as costas. O chão é a solidez da casa, onde são cravados os pilares de sustentação, e toda a sua estrutura.
Diagramados pelos semi-círculos laterias, temos a parte íntima da casa que seriam como as “nádegas”. A vedação é feita com ripas de madeira e bambu, referindo-se às costelas, e o revestimento de cada parede seriam os pelos ou cabelos.
Esse tipo de construção se assemelha muito ao da tribo dos Morubos, pois ambas as construções são associadas a uma espécie de proteção xamânica.
Fonte: Brasilia Concreta
Conclusão
A arquitetura vernacular busca conceitos básicos e antigos de arquitetura verde, aliando eficiência energética e a utilização de materiais e recursos próximos do lote. Mesmo em uma era em que os materiais estão disponíveis muito além da nossa região, é essencial levar em consideração o quanto de energia perdemos na questão do transporte desses materiais para uma obra.
O conceito proporciona uma conexão antiga entre os seres humanos e o meio ambiente. Nos lembra que a arquitetura era um resultado de um processo evolutivo milenar – e cheio de fracassos – que culminou em tipologias que finalmente deram certo, abrigaram nações inteiras e resistiram ao teste do tempo.
Se nós procuramos avançar nos princípios das construções sustentáveis, não podemos deixar os conhecimentos antigos de lado, buscando empregar as estratégias e atingirmos maiores resultados.
Agora, é sua vez! Você, arquiteto, engenheiro ou profissional da área de construção. Que tal usar técnicas de Arquitetura Vernacular no seu próximo projeto?
Falando nisso, já acessou o nosso conteúdo sobre bambu e taipa? Ainda não?
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